O NOVO GIGANTE DO MERCADO IMOBILIÁRIO
Para que haja
equilíbrio de mercado, é necessário que haja concorrência capaz de
garantir bons serviços, preço justo e qualidade.
Essa teoria cai por
terra sempre que os concorrentes são dizimados, ficando os consumidores
a ver navios quando essa dura realidade acontece, principalmente em
tempos de pandemia, pois os métodos de trabalho mudam, o mercado muda e a
vida também muda.
Em 2017, sob o pretexto de se tornarem mais ágeis e inovadoras, o Zap e o Viva Real, dois dos principais portais imobiliários, se fundiram formando um único grupo. Eles passaram a receber mais de 40 milhões de visitas mensais e mais de 7 milhões de anúncios, que geraram não menos que 4 milhões de contatos de clientes interessados na comercialização de imóveis, de acordo com a Revista Valor Econômico.
Há poucos meses, a OLX, empresa global de comércio eletrônico sediada em Amsterdam, anunciou a compra do grupo por 2,9 bilhões, transação financiada por seus dois acionistas europeus noruegueses (Adevinta) e holandeses (Prosus) com pagamento em dinheiro, cuja transação, foi aprovada sem pestanejar pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).
Dizem que seus negócios são “altamente complementares” e que a transação oferece “grandes oportunidades para sinergias e criação de valor”. Será? Ou o antigo oligopólio de empresas interdependentes transformou-se, como num passe de mágica, num gigante conglomerado, cartel, truste, holding ou qualquer outro nome que se queira dar?
E como fica o mercado imobiliário, seus agentes, suas empresas e seus consumidores?
Não vi até aqui nenhuma manifestação por parte das entidades do mercado imobiliário, que continuam mais preocupadas com os holofotes da mídia, que com a própria corporação.
Todo mundo tá careca de saber da lei da oferta e da procura. Não havendo concorrentes o preço dos anúncios vai provavelmente estourar beneficiando quem tem mais dinheiro. A qualidade do serviço vai ficar ao bel prazer do único Portal Imobiliário, que fatalmente, ditará as novas regras, os preços e tudo mais.
Embora nós, corretores de imóveis, sejamos os agentes que levam os imóveis ao mercado e a principal fonte desses anúncios, ficaremos, mais uma vez, a ver navios, assistindo a mais uma grande empresa engolir o nosso mercado. Uma pena!
Sérgio Sampaio – Empresário do Mercado Imobiliário, corretor de imóveis, diretor da Fecomércio-Ba e CEO da ADMINISTRADORA SERGIO SAMPAIO