A Era da Portaria Digital

Os condomínios, principalmente os compostos por poucas unidades, sofrem, a mais das vezes, com o custo considerável de duas perversas rubricas que representam aproximadamente 60% de suas despesas mensais. Refiro-me ao consumo de água, pessoal e seus encargos obrigatórios.

Diante desse incontestável fato e, sendo impossível encontrar qualquer paliativo eficaz que reduza o custo dessas chancelas, resta-nos uma única alternativa: economizar água e reduzir o quadro de pessoal.

Essas medidas, além de antipáticas mas necessárias, são deveras cruel, quando nos remete a um sofrimento muito grande por conta do afeto e do respeito que temos pelos empregados. A indireta obrigação que o Governo nos obriga a pagar, lamentavelmente coloca-nos numa dificílima decisão, como se essa obrigação social de protegê-los ad eternamente, fosse sempre possível e de nossa exclusiva responsabilidade. 

O que vale refletir, sem maiores paixões e do ponto de vista racional, é se a comunidade condominial pode e tem reais condições financeiras de suportar por muito tempo esse dever, que ao meu ver não cabe no orçamento da maioria. 

Não custa lembrar, que o imóvel, se visto como um ativo financeiro, é um bem de raiz valioso, uma aplicação muitas vezes de toda uma vida, que haverá de se manter necessariamente valorizado para fruir. Sua manutenção permanente, com pontuais investimentos, só será possível, quando suas taxas ordinárias, se bem administradas, forem suportáveis. Só assim o patrimônio pessoal estará garantido e protegido, a bem da família. 

Resta portanto, entender que quando se atravessa um momento econômico muito difícil, num país que não consegue encontrar uma saída, que não dá prazo para começar a crescer e, principalmente, quando não permite vislumbrar um feixe de luz no final do túnel, é necessário criar alternativas plausíveis, que permitam os condomínios encontrar soluções que mantenham o investimento valorizado e que possa continuar galgando caminhos possíveis.

Cabe então, para tentar baratear o custo mensal do condomínio, remeter essa reflexão à necessidade de terceirizar e quiçá contratar “portarias remotas”, que ganham espaço e que já começam a acontecer, notadamente diante do avanço das plataformas digitais que trazem tecnologia, facilidades e praticidade em todos os setores.

É certo que ainda é cedo para sua consolidação, mas também é indubitável que trata-se de uma tendência irreversível, que precisará apenas, dia após dia, ter seu modus operandi aperfeiçoado, criando inclusive cultura entre os condôminos, que precisarão como bons alunos, fazer a sua parte com responsabilidade e atenção, para que o processo funcione bem e dê certo.

É pagar, pra ver! 

Sérgio Sampaio

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