O MERCADO IMOBILIÁRIO EM TEMPOS DE COVID-19
Os quiromantes de plantão já começaram a fazer uma série de ilações sobre a saúde do mercado imobiliário, após os impiedosos efeitos da COVID-19. Isso preocupa-nos, porque ninguém em sã consciência, pode prever o que poderá acontecer, quando tudo isso passar.
O nosso mercado, residencial e comercial, composto por compradores, investidores, locatários, locadores, especuladores e consumidores, certamente ficará muito mais segmentado e, embora seja cedo para conclusões assertivas, trará novidades e modificações que merecem atenção.
Como ter respostas para as tantas perguntas que ocorrem nesse momento, é a grande questão. Como, por exemplo, ficará o poder de compra? Quais suas taxas de crescimento? A estagnação do mercado impactará a demanda? A produção de novos imóveis acontecerá nos mesmos conceitos? E se não houver produção, haverá desequilíbrio e consequentemente aumento dos preços? Mas preços de quê, se os mercados são distintos? Venda é uma coisa. Locação é outra.
Já existem até consultores internacionais debruçados no estudo do comportamento do mercado imobiliário pós pandemia, mas sem respostas contundentes. Cidades importantes devem ter preços crescentes de até 5%. Já outras, aliás a maioria, segundo a pesquisa, apontam seus negócios com queda nos preços. Tudo é incerto!
O mercado começa a se mexer naturalmente. Vejam que interessante: a 2ª casa, que só custava, e que só era usada nos veraneios, após a necessidade do home office, valoriza-se porque há grande demanda por locais multifuncionais em detrimento dos imóveis comerciais convencionais. Abre-se espaço para as lojas on line que cresciam morosamente mas que agora se expandem, impulsionando o mercado de delivery para além das entregas de pizzas de final de semana.
Essa adaptação será fundamental para todos. O trabalho remoto deixará de ser amador e dará lugar a novos negócios. Será o fim dos wi-fi “meia boca” e das gambiarras digitais. As imobiliárias visionárias deram a volta por cima e, como ninguém, estão sabendo lidar com a crise com tours virtuais, câmeras de 360º, chaves levadas por motoboys etc.
O Brasil das incertezas políticas, agora com suas diminutas taxas de juros e com a volatilidade diária da bolsa de valores, será um endereço precioso para os investidores que apostarem no crescimento do mercado? Ou, esse mesmo Brasil, será visto como uma eterna incógnita? Só o tempo dirá!
Parafraseando Gil e pegando carona na sua Lunik 9, tão atual, eu me atreveria a dizer: Cartomantes, Quiromantes, Ciganos, correi! É chegada hora de escrever e cantar, talvez as derradeiras noites de luar. Afinal, nesses meus 71 anos, 50 de mercado, não aprendi a adivinhar ainda!
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Sérgio Sampaio
Empresário, diretor da Fecomércio-Ba e CEO da Administradora Sérgio Sampaio
sergio@sergiosampaio.com.br
Comments: 4
Boa reflexão!
Gostei Sergio.
Um grande abraço.
Obrigado, amigo! Vamos em frente!
Parabéns Sergio! Continua um grande escritor. Concordo com tudo, mas ressalto uma questão que ainda ninguém abordou. Com o trabalho Home Office, os grandes prédios de salas comercias que teve um Boom no setor o qual nós acompanhamos, os administradores, terão que se reinventar ou vão amargar uma grande desvalorização.
Um forte abraço na família.
Grande amigo,
Obrigado por suas importantes considerações! Você tem razão: os grandes prédios comerciais terão que se reinventar, mas como o mercado é inteligente e dinâmico, logo logo, terão destinação.
Um abraço em todos. Saudades dos nossos bons papos.